Mulheres na Liderança: A Importância da Diversidade de Gênero nas Empresas

Mulher branca com cabelo preto longo sentada a mesa trabalhando no computador ao pôr do sol

A diversidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também traz inúmeros benefícios para as empresas. Ter mulheres na liderança pode trazer novas perspectivas, habilidades e abordagens para a tomada de decisão, além de uma série de vantagens como:

Diversidade de pensamento: as mulheres agregam diferentes perspectivas e experiências, o que pode influenciar a tomada de decisão, a criação de soluções para o negócio e a resolução de problemas.
Maior sensibilidade às necessidades dos clientes: elas representam uma grande parte do mercado consumidor e tê-las na gestão pode ajudar as empresas a entenderem melhor as necessidades e expectativas das consumidoras, agregando às áreas de desenvolvimento de soluções, estratégia de marketing e atendimento ao cliente.
Melhoria da cultura corporativa: a presença feminina na gestão pode criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo, levando a maior satisfação dos funcionários e maior retenção de talentos.
Mais inovação: as mulheres ainda são sub-representadas em carreiras como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), mas quando são incluídas podem trazer ideias inovadoras e soluções criativas para os desafios enfrentados.
Melhor desempenho financeiro: empresas com maior diversidade de gênero em cargos de liderança tendem a ter melhor desempenho financeiro. Isso se deve aos pontos mencionados anteriormente de diversidade de pensamento, criatividade e capacidade de entender melhor o mercado consumidor.

“A presença das mulheres na gestão traz elementos complementares e únicos para a mesa. Com um senso de equilíbrio e ponderação que muitas vezes falta no universo corporativo, elas trazem uma visão mais sensível, capaz de ir além do racional e considerar o emocional. Desde muito cedo, aprendemos a conciliar diferentes tarefas, especialmente se são mães. Essa habilidade de fazer as coisas ao mesmo tempo se reflete em seu trabalho e é extremamente valiosa em um ambiente empresarial dinâmico e exigente.

Além disso, a presença feminina na gestão beneficia o negócio, uma vez que ao promover a diversidade, também ilustramos os consumidores e a sociedade em que vivemos, refletindo a importância da participação das mulheres em todos os setores. Assim, ao valorizar e reconhecer suas habilidades, experiências e perspectivas únicas, é possível criar um ambiente mais justo e diverso para todos, levando ao sucesso de qualquer negócio”, comenta Heloisa Glad, Managing Director e Vice-Presidente Comercial na Kenvue, parte do grupo de empresas Johnson & Johnson.

Barreiras para a diversidade de gênero

No entanto, ainda com todas as vantagens, há uma grande desigualdade na liderança das empresas. Isso se deve, em grande parte, a preconceitos inconscientes e estereótipos de gênero arraigados na cultura corporativa e na sociedade como um todo, além de outras barreiras:

Preconceito inconsciente: atitudes e crenças baseadas em estereótipos e prejulgamento sem perceber. Isso pode levar a uma falta de reconhecimento das habilidades e competências das mulheres e a uma preferência por candidatos masculinos para cargos de liderança.

Cultura corporativa: pode ser predominada por valores masculinos, como a competitividade e a agressividade, criando um ambiente de trabalho pouco acolhedor para mulheres.
Falta de modelos de referência: por falta de ver outras mulheres em cargos de liderança, pode-se criar um ciclo vicioso sem inspiração e de mulheres como candidatas adequadas.
Falta de equidade nas políticas e práticas: a falta de licença parental igualitária, por exemplo, pode afetar a possibilidade de equilibrar a carreira e a vida familiar. A falta de promoções justas e transparentes também é um agravante.
Falta de treinamento e desenvolvimento: tanto para capacitação de mulheres quanto para conscientização do tema em toda a organização.

“Os viéses inconscientes, criados ao longo do tempo e que agora já não são mais aceitáveis, ainda existem dentro e fora das empresas. Por exemplo, na escola dos meus filhos, os comunicados sempre vinham endereçados à 'mãe' em vez de 'pais ou responsáveis’. Quanto mais conseguirmos debater essas questões, mais estaremos ajudando a fomentar a conscientização e a partir disso, promover a mudança. É um jogo que requer muita energia para mudar o cenário e o apoio dos homens é essencial nesse processo de mudança”, destaca Heloisa Glad.

Principais desafios enfrentados pelas mulheres

"Durante a minha carreira, enfrentei vários desafios por ser mulher. Um dos momentos mais difíceis foi quando decidi ter minha primeira filha, há 18 anos. Ao sair de licença maternidade, fica aquela sensação de que a mulher pode ficar estagnada e, apesar dos esforços, isso ainda acaba atrapalhando a progressão profissional em algumas empresas. Eu mesma perdi uma promoção na minha gestação de gêmeos. Outro desafio foi quando fui expatriada para posições tipicamente ocupadas por homens. Em alguns lugares, o machismo ainda é um fator muito presente, o que dificulta a atuação da mulher nessas posições. Mesmo assim, nesses casos a empresa deve apresentar a posição e deixar que a mulher decida se ela deseja ou não assumir o desafio”, conta Heloisa Glad. Os desafios mais comuns enfrentados pelas mulheres ao tentarem avançar em suas carreiras são:

Falta de acesso às oportunidades: muitas vezes elas podem ser preteridas em promoções ou não receberem os mesmos desafios ou projetos importantes que seus colegas homens. Isso pode limitar suas habilidades e experiência, tornando mais difícil para elas avançarem na carreira.
Desigualdade salarial: as mulheres podem receber salários mais baixos do que seus colegas homens, mesmo que tenham as mesmas qualificações e experiência, desempenhando funções equivalentes. Isso pode limitar suas oportunidades de avanço na carreira, já que as promoções muitas vezes estão atreladas a aumentos salariais.
Falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: as mulheres muitas vezes enfrentam uma carga desproporcional de responsabilidades familiares e domésticas, tornando mais difícil equilibrar a carreira e a vida pessoal. A falta de flexibilidade no trabalho também é um agravante para equilibrar as demandas.

Assédio: mulheres são, em maioria, vítimas de assédio e vários outros tipos de discriminação que afetam sua autoestima e limitam suas oportunidades de avanço na carreira.

Esses são apenas alguns dos desafios que as mulheres enfrentam para crescer na carreira e para superá-los, as empresas precisam adotar políticas e práticas que incentivem a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento de habilidades e competências das mulheres. Isso inclui políticas de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, políticas de remuneração equitativa e treinamento e desenvolvimento específico para mulheres.

"Eu sei que a jornada dupla é uma responsabilidade que geralmente recai sobre nós mulheres, independentemente de termos um parceiro ou parceira. As mães têm um peso ainda maior nessa equação, pois precisam conciliar muitas coisas ao mesmo tempo. Ter ou não acesso a ajuda para cuidar dos filhos mexe muito com a nossa cabeça, pois queremos dar conta de tudo. Infelizmente, em pleno ano de 2023, ainda vemos um cenário pouco inclusivo em diversos ambientes. As salas de reunião, por exemplo, ainda são predominantemente masculinas e muitas vezes as mulheres são interrompidas e não têm seu ponto de vista levado em consideração. Sabemos que ainda há muito a ser feito e ter o apoio dos homens é fundamental nessa jornada, eles podem ajudar a acelerar processos e reduzir preconceitos”, comenta Heloisa Glad.

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Políticas e práticas para promover a diversidade de gênero

Para promover a diversidade de gênero na liderança, as empresas precisam adotar políticas e práticas que incentivem a igualdade de oportunidades desde o processo seletivo, além de ações afirmativas que ajudem a criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso.

Estabelecer metas claras para a diversidade de gênero: a definição de metas específicas para aumentar a diversidade de gênero na empresa pode ser um primeiro passo. É importante que essas metas sejam mensuráveis e que a empresa acompanhe regularmente seu progresso.
Revisar os processos de recrutamento e seleção: isso ajuda a garantir que a empresa está atraindo um grupo diverso de profissionais. Para tanto, vale a adoção de técnicas que ampliem o alcance da empresa, uso de linguagem inclusiva e neutra, criação de comitês de seleção com mulheres e filtros de seleção de perfis focados em competências e experiências.
Oferecer programas de mentoria: esses projetos podem ser valiosos para as mulheres que buscam crescer na carreira. A empresa pode criar programas formais que conectam as mulheres com mentores experientes para orientá-las em sua jornada profissional.
Implementar políticas de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: a companhia pode adotar políticas que permitam que os funcionários equilibrem suas responsabilidades profissionais e pessoais. Isso pode incluir flexibilidade no horário de trabalho, trabalho remoto e licenças remuneradas, como licença parental.

Garantir remuneração justa e equitativa: os funcionários devem ser remunerados de forma justa e equitativa, independentemente do gênero. Isso inclui a realização de revisões regulares de remuneração e a eliminação de disparidades salariais.
Promover uma cultura inclusiva: é importante que a empresa promova uma cultura em que todos os funcionários se sintam respeitados e valorizados, adotando políticas afirmativas, promoção da diversidade nas equipes e celebração da diversidade cultural e de gênero.

A diversidade de gênero na Kenvue

"Estamos em um processo de busca pela evolução para tornar a nossa empresa mais diversa e inclusiva, tanto interna quanto externamente. Eu estou aqui há pouco mais de um ano e já vejo um ambiente muito positivo, com uma alta representatividade de mulheres na liderança, tanto no Brasil quanto na América Latina. No entanto, precisamos ter isso em todos os níveis da organização e em todas as funções.

Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) é muito clara para nós sabemos que o sucesso do negócio depende disso. Não é um assunto da moda, mas sim um reflexo da sociedade e dos nossos consumidores.

É importante também termos políticas de atração que busquem aumentar a diversidade, como regras claras na seleção aberta, na qual não fechamos uma vaga se não tivermos pelo menos 50% de candidatos homens e mulheres. Os líderes da empresa sabem que precisam encorajar isso, deixando claro que a vaga está aberta e que a empresa tem essa política. Mesmo com urgência em preencher uma posição, a responsabilidade de promover a diversidade e inclusão é prioridade e depende também de cada um de nós.

Resumindo, como empresa, precisamos valorizar a Diversidade, a Equidade e a Inclusão (DEI) e promovê-la em todas as funções e todos os níveis da organização. Assumimos a responsabilidade de promover um ambiente propício para a diversidade e nos vemos como responsáveis por incentivar essa pluralidade, assegurando um tratamento digno. Investimos tempo do time e recursos em promover conversas abertas, não somente em datas comemorativas, mas em fóruns ativos para conscientização.

Temos grupos de afinidades na companhia, liderados pelos próprios funcionários e que geram discussões atuais e relevantes para evoluirmos como sociedade. Esses grupos incluem pessoas de todas as áreas e níveis e além de debates, também serve como rede de apoio para compartilhar experiências, preocupações e exemplos positivos”, finaliza Heloisa Glad.