Mulher e mãe de pele clara e cabelo loiro trabalhando de fone de ouvido no computador com seu filho ao lado.

A maternidade é uma experiência única na vida da mulher, que envolve a gestação, o parto e a criação do bebê. No entanto, a decisão de ter filhos pode implicar em desafios quando colocada sob a perspectiva de carreira em alguns mercados, como o financeiro. Historicamente, o mercado financeiro é conhecido por ser composto, em sua maioria, de homens, criando uma cultura de trabalho não tão favorável para mulheres mães. 

"A carreira da mulher em um mercado historicamente masculino. Embora haja mais diversidade em cargos de entrada, como analistas, as posições mais seniores ainda são predominantemente ocupadas por homens. Essa desigualdade de gênero é ainda mais acentuada em cargos de liderança, em que o volume de homens no mercado é significativamente maior do que o de mulheres. As mulheres ainda são vistas com desconfiança por empresas e gestores quando se trata da possibilidade de se tornarem mães. Infelizmente, eles ainda veem a maternidade como um fator de risco para o desempenho profissional feminino, mesmo que não haja evidências concretas para sustentar essa crença”, comenta Thalita Doering, Diretora da Michael Page para o mercado de Banking & Financial Services, Diretora de Diversidade e mãe de dois

As barreiras da maternidade no mercado financeiro 

O mercado financeiro é conhecido por ser altamente competitivo. Com horários longos e demandas intensas, muitas vezes é difícil equilibrar a vida profissional e pessoal quando se tem filhos. Por isso, as maiores barreiras que as mulheres enfrentam ao conciliar a maternidade e uma carreira no mercado financeiro são muitas vezes relacionadas à falta de flexibilidade e apoio.  

"A carga de trabalho é extremamente alta e muitas vezes as mulheres têm dificuldades em conseguir flexibilidade para acomodar a maternidade, sejam de horários ou modelo de trabalho remoto ou híbrido. A jornada dupla, que envolve cuidados com o bebê depois do trabalho, também pode ser uma barreira para as mulheres continuarem crescendo em níveis de competitividade”, pontua Thalita. 

Políticas pró-maternidade nas empresas 

Com mais mulheres entrando no mercado financeiro e assumindo cargos de liderança, o mercado está gradualmente se tornando mais inclusivo e adaptável às necessidades das mães.  "Algumas empresas do mercado financeiro estão começando a adotar políticas e ações afirmativas para diminuir o estigma da maternidade e favorecer as mulheres que são mães ou desejam ser. Embora sejam poucas e mais comuns em bancos e seguradoras maiores, essas políticas tendem a nascer quando acontece um caso na empresa. Algumas das iniciativas incluem o aumento da licença maternidade para até 6 meses, a criação de salas de amamentação, horários reduzidos no primeiro ano do bebê, auxílio-creche ou babá e trabalho híbrido com um pouco mais de flexibilidade”, explica Thalita.  

Ainda há um longo caminho a percorrer, mas é encorajador ver que há empresas começando a tomar medidas para apoiar as mulheres que são mães no mercado financeiro. “À medida que mais delas adotem essas políticas, esperamos que a maternidade deixe de ser vista como uma barreira para as mulheres em suas carreiras”, diz Thalita. 

  • Licença-maternidade estendida: As empresas podem oferecer licenças mais longas do que as legalmente exigidas para que as mães possam se recuperar do parto, se adaptar à nova rotina com o bebê e se preparar para voltar ao trabalho. 
  • Flexibilidade de horários: As empresas podem oferecer horários flexíveis para as mães, permitindo que elas tenham mais controle sobre sua agenda e possam conciliar suas responsabilidades familiares e profissionais. 
  • Trabalho remoto ou híbrido: esses modelos de trabalho podem ser opções viáveis para muitas mães que precisam cuidar de seus filhos. As empresas podem oferecer a possibilidade de trabalho remoto em dias específicos ou em tempo integral, permitindo que as mães trabalhem em casa e cuidem de seus filhos ao mesmo tempo. 
  • Programas de suporte: As empresas podem implementar programas de suporte para as mães, como aconselhamento em saúde mental, grupos de apoio e serviços de cuidados infantis. 
  • Cultura inclusiva: É essencial que a cultura da empresa seja inclusiva e valorize a diversidade. As empresas podem promover uma cultura que respeite as escolhas das mulheres em relação à maternidade, evite a discriminação de gênero e valorize as habilidades e experiências únicas das mães. 

Diversidade de gênero estão se tornando prioridade cada vez maior para as empresas em geral. Isso significa que estão valorizando mais as mulheres e suas experiências únicas, incluindo a maternidade. As empresas estão reconhecendo que as mães podem trazer habilidades valiosas para o local de trabalho. 

Os benefícios que a maternidade traz para o trabalho 

A maternidade traz consigo uma série de habilidades e experiências que podem ser benéficas para as mulheres em seus trabalhos. "Em 2012, eu estava grávida da minha primeira filha. Essa foi uma das primeiras experiências que a Page teve com executivas grávidas. Na época, fui promovida a gerente-executiva logo depois de voltar da licença maternidade quando entreguei um dos maiores projetos da minha carreira. Depois de ser mãe, me tornei uma executiva melhor”, conta Maíra Campos, Diretora da Page Interim, em seu depoimento como uma mulher direcionada à carreira e que teve a maternidade como um capítulo de sua história assim como outras mulheres. 

“Depois de ser mãe, você consegue ser mais objetiva e produtiva, sabe priorizar o que é importante e sua sensibilidade também muda. Você passa a olhar para o seu time de outra forma. O tempo da licença-maternidade me ajudou a refletir. Voltei uma profissional mais madura e sabendo quais eram meus objetivos. A minha promoção aqui na Page veio como resultado de um trabalho que já vinha sendo feito, assim como aconteceria com qualquer profissional, a diferença é que eu estava grávida”, relata Juliana Palermo, Head de Marketing para a América do Sul no PageGroup. 

Cada mulher é única e tem experiências diferentes, mas as principais vantagens que se observa são: 

  • Multitarefa: Quando se é mãe, é preciso equilibrar várias responsabilidades ao mesmo tempo. Isso desenvolve a habilidade de multitarefa, que pode ser valiosa no ambiente de trabalho. 
  • Resiliência: A maternidade também pode ajudar a desenvolver a resiliência, já que as mães frequentemente enfrentam desafios e superam obstáculos para cuidar de suas famílias. 
  • Empatia: Cuidar de um filho também pode ajudar a desenvolver a empatia, pois as mães aprendem a entender as necessidades e emoções de outra pessoa. 
  • Tomada de decisões: A maternidade envolve tomar decisões importantes, desde as pequenas até as grandes. Essa experiência pode ajudar a desenvolver a capacidade de tomar decisões importantes e confiantes no ambiente de trabalho. 
  • Habilidade de negociação: A maternidade também pode desenvolver a habilidade de negociação, já que as mães frequentemente precisam lidar com as necessidades e desejos de várias pessoas ao mesmo tempo. 

Além dessas vantagens, muitas mães também podem trazer uma nova perspectiva para o ambiente de trabalho, melhorando processos e propondo novas soluções para problemas antigos. 

Parentalidade ativa no mercado de trabalho 

A criação dos filhos é uma responsabilidade compartilhada entre os pais, que não deveria ser vista apenas como uma tarefa para a mãe. Por uma construção social, ainda há uma mentalidade de que a maternidade é uma questão exclusivamente feminina e que as mulheres devem ser as únicas responsáveis por cuidar dos filhos, especialmente nas primeiras fases da vida. Essa visão desatualizada não apenas prejudica a carreira das mulheres como também desvaloriza o papel do pai na criação dos filhos. 

Por outro lado, quando as empresas adotam uma abordagem mais inclusiva e encaram a criação dos filhos como uma responsabilidade compartilhada entre pais e mães, todos os colaboradores são beneficiados. Isso porque os pais também têm direito de participar ativamente na vida dos filhos e conciliar suas responsabilidades familiares com a carreira. 

"No mercado financeiro, que é bastante tradicional, a falta de políticas voltadas para as mulheres já é uma realidade conhecida. E, para os homens, a situação não é muito diferente. Então, a falta de políticas que estimulem a parentalidade ativa acaba perpetuando essa cultura que recai a responsabilidade principalmente sobre as mães”, comenta Thalita. 

Ao encorajar a parentalidade ativa, as empresas podem promover um ambiente de trabalho mais equilibrado e flexível para todas as famílias. Isso pode incluir a implementação de políticas de licença-paternidade mais longas, horários de trabalho flexíveis, programas de suporte para pais e mães e outras iniciativas que incentivem a participação igualitária de pais e mães na criação dos filhos, desconstruam o estereótipo de gênero e permitam que mais mulheres avancem em suas carreiras.  

Leia também: Mulheres na Liderança: A Importância da Diversidade de Gênero nas Empresas 

Contrate mães! 

Para conduzir um processo seletivo que não discrimine mães no mercado financeiro, é importante que as empresas ofereçam políticas para as mulheres e adotem uma abordagem inclusiva nos processos seletivos baseados em habilidades e competências. "É fundamental que as empresas tenham políticas claras e estabelecidas. Isso mostra o comprometimento da empresa em relação à igualdade de oportunidades e permite que as candidatas se sintam mais encorajadas a participar do processo seletivo. Além disso, contar com a participação de alguma mulher durante o processo de seleção pode ser muito benéfico para a empresa e para as candidatas. Então, vale buscar alguém com experiência interna na área do negócio, que pode fornecer informações valiosas sobre o dia a dia da empresa e como ela se relaciona com a maternidade”, indica Thalita. 

Para as candidatas que participam da seleção para uma posição no mercado financeiro, é importante serem questionadoras durante o processo de seleção, fazendo perguntas sobre a cultura da empresa, suas políticas em relação à diversidade e inclusão e como a empresa trata seus funcionários com filhos pode ajudar a avaliar se é um lugar alinhado aos seus valores.  

Para empresas que querem se tornar mais acolhedoras para mulheres, existem algumas dicas importantes a serem seguidas. "No curto prazo, é recomendado fazer um benchmarking de mercado para entender o que outras empresas estão fazendo para promover a diversidade de gênero. Além disso, é fundamental ouvir as mulheres que já estão na empresa, independente de serem solteiras, mães ou casadas com intenção de ter filhos, para compreender as suas necessidades e expectativas. É importante também que as políticas sejam vistas como procedimento padrão e parte da governança corporativa da empresa. Para promover a diversidade de gênero, pode-se criar posições de entrada e planos de desenvolvimento de carreira para as mulheres. E, buscando equilíbrio de gênero na liderança, um caminho é trazer executivas para posições de backoffice, como CFO por exemplo. Atualmente, menos de 4% das mulheres ocupam cargos de liderança no mercado financeiro, o que é bastante preocupante”, alerta Thalita. 

É importante lembrar que, às vezes, a busca por equilíbrio de gênero pode envolver a contratação de mulheres de outros setores que possuem experiências transacionais e estratégicas que podem ser aplicadas ao mercado financeiro. Felizmente, essa prática já tem sido adotada por algumas empresas do setor.  

"É fundamental que as empresas comuniquem as suas políticas e práticas de forma clara e acessível em programas de recrutamento interno, nos processos seletivos abertos ao mercado e no onboarding das novas colaboradoras. Isso ajuda a criar uma cultura de diversidade e inclusão que será parte integrante da identidade da empresa”, finaliza Thalita. 

 

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